quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

She's Halley (continuação)

Já passava das 17:00 e Nick e Halley deitadas sobre o sofá assitiam uma novela e fumavam.
- Você acha que o Joe vai ser feliz com a Stella?
- Ai Halley não sei querida, acho que vai sim, e acho que ele também pensa assim ou não estaria com ela.
- Ele me fala que tem medo de me perder.
- E tem medo de perder ela também... eu não posso te falar mais nada querida... quando agente está por fora da situação é muito fácil dar palpite né?
- É ta certa.
- Agora põe um sorrisão nessa sua boquinha linda e deixa essa carinha de morta viva pra de tarde quando sua mãe descobrir que agente não foi pra escola hoje.
- Putz pois é a culpa é sua.
- Minha?? Sua mãe já me odeia, se ela imaginar que eu tenho algo a ver com o seu comportamento não-Alice ela faz, sei lá, macumba pra mim.
- Hum deixa de ser boba Nick.
- Vem cá, você acha que seus pais não querem fazer um intercâmbio? Mandar a Alice lá pra casa e eu venho pra cá?
- Iii acho difícil. Alice é top perfect. A filha perfeita. Iii muda de assunto que ela ta chegando.
Nesse instante entra Alice pela porta da cozinha, Alice era... bom, Alice era Alice, filha perfeita modelo 2.0, alta, cabelos claros e encaracolados, olhos claros, magérrima, roupas comportadas, fala suave, educadíssima (na maioria das vezes).
- Oi meninas.
- Oi Alice.
Alice foi entrando e deixando as cartas, quer provavelmente ela em um ato de solidariedade espontânea tinha retidado da caixinha do correio.
Depois olhou para as duas garotas jogadas no sofá, fumando, uma vazilha com resto de pipoca sobre a mezinha da televisão e fez cara de desdém.
- Mamãe tinha dito que era pra você dar uma geral na casa, eu ficava com a limpeza, e você com a arrumação, mais eu fiz a sua parte ontem a noite, olha como eu sou uma irmã boazinha.
Alice fez cara de ironia e passou para o quarto, fechou a porta.
- Nossa olha como eu sou uma irmã boazinha.
Nick começou a imitar Alice fazendo cara de contragosto.
- Boa bisca isso sim. Vou pra minha casa Halley. Quer sair pra beber hoje a noite?
- Não, "tô" proibida de sair de casa.
- Hum olha se eu "tô" cheirando cigarro.
- Tá.
- Ai, mamis vai me torrar a paciência.
Nick e Halley se levantaram do sofá, deram as mãos e foram saindo, já no portão Nick ficou na ponta dos pé (ela era bem mais baixa que Halley) e lhe deu o famoso "beijinho da amizade", e saiu pelas ruas, ainda com sua camisola de ursinho.
Halley tomou um banho, vestiu uma bermuda e uma camizeta, pegou seu mp4 (destruidíssimo pelos "tombos da vida") e saiu pra caminhar, andou uma meia hora, destraida, pensando até que ouve um 'oi' bem do seu lado.
- Oi Halley.
'Ai não acredito, com tanta pessoa pra mim ver hoje e pelo resto da minha vida, me aparece esse garoto, saido sei lá , do quinto do inferno que seja, para me atormentar'
Era André, um ex-colega de escola, chegando com a maior cara de eu sou melhor que você., havia estudado 3 anos com ele, no primeiro ano eram até amigos, mais depois começou um disputa não declarada (da qual ela não fazia parte, mais ele insistia em achar que sim) de quem tirava as melhores notas.
Halley não era muito de estudar, pra prova nenhuma, não era nenhuma nerd, nem fissurada em estudar, apenas lia algumas coisas. Foi aí então que ele ficou insuportável, quer dizer, mais insuportável, se continha em ficar "se achando" a última "bolacha do pacote" e ficava o dia inteiro filosofando na sua orelha, teorias idiotas que Halley suspeitava que ele havia decorado.
Bom, até que um dia ela explodiu, disse que lhe achava um chato, e que a última coisa na vida que ela queria era ele falando das teorias de Freud o dia inteiro pra cima dela, e o que ele fez ?... Sumiu? Viajou? Casou? Não. fingiu que nada havia acontecido e continuou enchendo a paciência.
- Oi André. Tudo bem?
Halley fez a melhor cara de "sai se não eu te mato" que pôde.
- Sim, eu estou bem Halley. E aí vai fazer o que o ano que vem?
Hum é mesmo, estavam terminando o terceiro, e Halley não estava com a mínima idéia de começar uma faculdade no proximo ano.
- Não vou fazer nada.
- Nada? Como assim nada?
- Você não prestou vestibular?
- Prestei, mais o ano que vem eu quero descançar.
- Já chegou seu boletim do Enem?
'Iiii começou'
- Já, chegou na semana passada.
- E aí quanto você tirou Halley.
- Minha média foi 71,00, não lembro as notas separadas.
- Hum.
André fez cara de "Ah só isso? Meu Deus como você é burrinha" e ficou esperando que ela perguntasse sua nota.
'tudu bem Mr. eu sou o máximo, vou perguntar sua nota'
- E você tirou quanto.
- 82. Quero fazer Direito.
'Foda-se então, faça direito, faça esquerdo, faça reto, faça torto, faça o diabo quer for que eu não dó a mínima'.
- Mais Halley, acho que se você procurar bem, você acha alguma faculdade que pega sua nota né?
'Que? Não, não, não. Halley não estava ouvindo isso, antigamente ele era um pouquinho menos cara de pau'.
- Bom mais já que você não vai estudar mesmo né querida, eu com 22 anos quero estar formado. Mais sorte no próximo enem.
André começou a fazer o percurso de volta correndo.
Halley ficou parada, boca aberta, perplexa. Tudo que ela queria era pular no pescoço dele, sugar seu sangue enquanto ele se debatasse até morrer, ou pegar uma faquinha dessas de mesa, de serrinha e totalmente sem corte, e separá-lo em pedacinhos lentamente.
Tudu bem garoto, experimente trabalhar desde os 12 anos, estas serem as primerias férias que você tira em 3 anos (detalhe elas iam durar apenas 1 semana já que não eram férias e sim o intervalo entre um serviço e outro), ficar 3 meses em um supermercado, trabalhando 11 horas por dia, todos os sábados e domingos e ainda estudar a noite e vê se você vai ter ânimo pra escola.
Halley voltou para casa, chegou lá passou direto para o quarto e acendeu um cigarro e foi se acalmando aos poucos.
- Halley, Halley.
Até sua mãe começar a gritá-la, e abrir violentamente a porta do seu quarto e começar a lhe apontar o dedo.
- Porque você não foi para o colégio hoje.
- Não "tava" com cabeça "pra" escola.
- Você é uma irresponsável, porque você não faz igual a sua irmã? E joga esse cigarro fora.
'Tudo bem, agora sua mãe conseguira tirá-la do sério'
- Porque eu não faço igual a Alice? Bem porque eu não sou alta, loira, olhos azuis, magérrima, não me chamo Alice e se eu quizesse ser um zumbi e viver por conta de fazer tudo que os outros pedem e acham melhor eu dava um tiro na minha cabeça e arriscava um estado vegetativo. E o cigarro é meu porra, comprei com meu dinheiro, ou eu tenho que me matar de serviço em serviço só pra não ficar em casa te aguentando? E quer saber vou pra casa do meu pai.
- Ah não vai mesmo querida.
A mãe saiu, puxou a porta e trancou pelo lado de fora.
O que Halley fez? Pegou uma garrafa de vinho que tinha escondido dentro do guarda roupa (arg... quente), tomou meio vidro, pegou seus cigarros, pulou a janela do quarto e saiu rua afora.



Continua...

Um comentário:

Daniela disse...

Gostei muito do enredo...porem Halley é rebelde ham!
Hehe amo!!!
:*